Tenho medo de parecer idiota, careta, chata, patética, egoísta, infantil, e acabo por esquecer que o amor pede pra que a gente seja assim um pouco. É um modo eloqüente que ele pede pra gente mostrar que ele existe, que a gente luta por ele. Talvez não seja o melhor modo, mas é assim que ele tem me pedido pra se mostrar presente, só que eu não consigo mostrá-lo assim e acabo por não mostrá-lo de forma alguma. Não consigo ficar a chamar de meu amor, a demonstrar todo aquele ciúme de verdade, a mostrar meu sofrimento, a implorar, a declarar. Existe algo que não sei, mas que me impede. Ás vezes eu tento, mas não sei realmente o que acontece e logo percebo que mudei, pois não era assim. E o amor acaba por se esquecer de mim a procura de alguém que o demonstre de qualquer forma, mas que o demonstre.
Ele logo se vai deixando um tremendo vazio em mim, o da sua ausência. Talvez seja conseqüência deu achar que só sua existência valeria, que ele teria que ficar sempre livre, é livre. Esqueço que o amor pede um pouco de prisão, que ele precisa e quer ser preso a algo de alguma forma. E eu? Eu não consigo prendê-lo, por pensar que ali talvez ele não seja feliz ou que ali talvez não seja seu verdadeiro lugar, tendo assim que o mantê-lo livre, o deixando buscar a certeza de onde é seu lugar.
Talvez eu ainda espere pra ver se ele se vai inteiramente ou se irá resolver voltar, assim sem agir, sem lutar. Mas por mais que um dia ele se vá inteiramente, eu sei, eu sinto que de alguma forma eu ainda o farei presente em mim e pra sempre. Porque o que eu desejo hoje é que ele voe, viva, seja feliz, mas que ao fim de todos o lugares ele veja, ele entenda e tenha a certeza de que é aqui seu lugar, só aqui, em mim.
"Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz."
Tati Bernardi